Seja bem vindo!!!
-Entre,
-Tire os sapatos,
-Sente-se e fique à vontade.
-vou pôr uma música.
-Aceita um café?
- Gosta de livros?
- escolha um e vá folheando,
-volto já, com o café.
Alexandre Pedro
e-mail: alexandre.eells@gmail.com

Pesquisar no Cárcere do Ser

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fidelidade

Amava com sofreguidão. Mas se amava, amava com fidelidade a Maria?
No limiar das consequências vinham as dores num assombro quando a noite vinha.
Se refugiava em bebedeiras. Vinhos sortidos se misturavam quando Maria não vinha.
Surtiam efeitos no dia que se seguia, e seguia, e seguia.
Seguia?
Seguia cego, a garganta seca de saudade e ciúme. Aonde assombrava a Maria?
Assombrado saía às ruas; luzes dos postes acesas, lua cheia, rua vazia, vazio andava. Apenas meninas de saias curtas e batons vermelhos.
De esquina em esquina, um cigarro. De poste em poste, rosnava.
A secura da garganta já havia tomado o estômago.
Fome não sentia.
Sede nao percebia.
Amor? Ah, Maria!
Do portão de sua casa, chamava , gritava, chorava. Sabia que estava em casa. Luzes de velas sobre as mesas. Estaria acompanhada? Recebiam-no cheiros de flores.
Flores?
Mas quem havia, ali, as deixado?
O ciúmes o tomava o fôlego. Aquele cheiro lhe embrulhava o estômago, era cravo.
Do portão ele avistava uma cruz. Os braços abertos o chamavam para dentro. No ante braço esquerdo jurava amor eterno. E como homem fiel pulara aquela cerca. A cerca para o outro lado. E nunca mais sentimos nada. Nem ele, nem ela, nem eu.

Alexandre Pedro
28/09/2011

domingo, 25 de setembro de 2011


O tempo que te resta

Para G.M


Antes de algum sorriso,

Uma lágrima.

Para o bem de todo mal,

A solidão.

Uma flor no precipício,

Vermelha.

Antes do escuro,

Uma chama.

Antes do mergulho,

Alguém que ama.

A ausência se faz presente,

E, me traduz em você.

Alexandre Pedro

SP – 01/02/2011


domingo, 18 de setembro de 2011

Spa da Mente

Carregava ele, sua cabeça nos braços. Seu corpo encurvava, todo ele, em sua jornada. Os dias se tornavam pesados em sua total intensidade. Buscava abraçar os filhos ao chegar do trabalho, mas suas forças eram tão majestosamente exausta que caía ele na poltrona a observar a tv, sem força para ligá-la. A cabeça repousada, ao lado.
Com muito, muito esforço pegava o controle e com um leve tocar de dedos clicava fazendo arder em chamas aquele enorme tubo negro. Dava para se ouvir um chiado. Como se um mundo abrisse à sua frente. Seus dedos tensos mergulhavam nos botões duros do controle. Um fragmento do tempo falhara e, nesse átmo entrava ela, em cena.
O brilho da tela fazia com que sua companheira, a cabeça, despertasse e ficasse ali, de novo, vividamente a observar, com ar desprezível, seu companheiro. Ela lhe condenava os dias; um fardo árduo nos braços.
Agora ela o encarava; olhar desafiante; fitava-o como a demonstrar toda insignificância do seu ser mutilado. Suas forças esvaiam-se por toda.
Não se auto conhecia a priori pra duelar com sua companheira. Olhava-a, bastava e já se cansava.
Então, foi quando na parede da sala, em um quadro imenso que a enfeitava, num recorte da tela onde se podia ver uma cidade, onde se podia ver, também, uma casa, um jardim, e no jardim podia ver-se crianças, e cada uma delas, segurava em suas pequeninas mãos um pirulito, ele percebeu-se na vida. A vida estava naquele ser redondinho, amarelinho que, todo salivado, concentrava toda atenção daquela não mais criança. O mundo era sua vida, sua vida era sua casa. Sua casa era seu limite. Seu limite estava ali, na tv, no controle. Ele era o limite de si mesmo. Saboreava com dissabor a vida que lhe brilhava na tela. E a confusão estava feita em sua pesada cabeça. Foi quando, assustado, saltou engolindo a saliva. Foi a primeira vez que fizera duas coisas ao mesmo tempo e ainda, sem pensar. A personagem da tv havia deixado de contracenar e agora trocava palavras com ele. Palavras de saber que ele correspondia e sentia-se orgulhoso, astuto, obstinado, até viril se achava, por haver no mundo, alguém que lhe prostrasse a sua frente e sorrisse junto dele; para ele e pela primeira vez, com ele. E ela, a cabeça, começara a rir, rir, simplesmente, rir daquela cena ignorante, e sua insignificância se desfez. Seus braços já não podiam sentir o peso de sua cabeça. A consciência voltara para aquela caixinha cinzentinha com gavetinhas; ele deixara aquela sala; agora seu mundo estava pintado na tela: da tv. Ele voltara a ser criança. A moça na tela da tv era uma fada. A fada vento. E lhe entregara uma espada. A espada mente.

Alexandre Pedro

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

É duro ser cabra na Etiópia - Autor: Silvana Rocha

É duro ser cabra na Etiópia - Silvana Rocha


Em meio ao nada

Pele seca, desidratada

Castigada

Cicatrizes pelo corpo

Dor, desilusão

Estômago vazio

Na boca só sinto o amargor...

Amargura dessa vida dura!

Sinto o tilintar das costelas

Ambulante carcaça velha!

Articulações rangendo

Sons que me acompanham

Nessa longa aventura.

Com esperança

Ainda caminho, mesmo que lentamente,

Sentindo o desconforto da terra árida.

Secura!

Pobreza pura...

O sol em brasa queima minha face...

Me deixa anestesiada...

Em estado de torpor.

Vejo minha sombra distorcida na terra seca

Pareço-me com o quê?

Não consigo raciocinar direito

Sinto um vazio no peito

Acidez!

Queimação sem fim

E parece que não tem jeito...

O jeito é caminhar...

E quem sabe nada encontrar.

Creio que há esperança

Um oásis talvez

Logo ali ou bem distante dali

Perdi a noção de espaço

De profundidade

Não enxergo direito

Mas o sol continua a arder na minha face.

O oásis? Claro, era miragem!

Continuo a jornada árdua

Tropeçando em pedras, pedregulhos, seixos

Galhos secos ferem meus pés calejados.

Um pássaro bem ali, no chão, morto...

Esturricado pela ação da natureza.

Frieza...

Continuo meu tormento indiferente.

Mas minha esperança de encher meu estômago

Queima tal qual o sol

Não desisto...

Já andei algumas milhas

Quero molhar minha boca

Cadê meu pingo d’água?

Água! Maravilha!

Uma zonzeira agora me abateu,

Tontura, vertigem,

Um mal súbito qualquer que me derrubará

Talvez a alguns metros daqui.

Acolá! Não sei...

Não sinto mais o sol.

Cabeça zonza, zumbido, zoeira

Moscas varejeiras ao redor.

Minha pele cada vez mais seca.

Diante de meus olhos cansados que já não enxergam direito

Devido à rude caminhada

Vejo com dificuldade mais uma carcaça de animal diante de mim.

Não...desta vez é uma criança.

Não me lembro mais de nada....


Silvana Rocha

Este texto foi elaborado para participar em uma seleção de autores diversos para o livro "É duro ser cabra na Etiópia" que será lançado por Maitê Proença, e, gentilmente cedido pela autora ( minha professora de Língua Inglesa do curso de Letras ) - Silvana Rocha

* Este texto tem seus direitos autorais; não podendo ser utilizado sem permissão do autor.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Instantes

O que será dos meus sonhos amanhã?

Terei, eu, acordado e frustrado todos eles?

ou, eles me terão frustrado?

a ambiguidade de ser e estar me permanece em ligação aos instantes e,

me levam de volta ao Verbo.

então, eu, Carne, me declinarei ao tempo que invade os dias meus.

Rendido, me ponho a sonhar.

Ah, os instantes!


Alexandre Pedro
11/09/2011




sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Para alguém aí. Lá do outro lado de cá.

Para G.M

...tanto de mim fora de mim,

num outro que não sou eu,

e, que tanto tenho de si em mim,

que dispersam todos meus EUS.

cravado, gravado, grafado

eu assim engasgado,

assim suave,

gaguejado e inexorável

no inexplicável

das minhas razões sem razões.

Como uma linha determinada a preencher um vazio

que envolve nossos corações e os transbordam num só Ser,

o Amor.

Alexandre Pedro

SP – 08/01/2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vivendo um poema
...*Esta publicação foi removida devido ao texto estar sendo integrado ao livro de estreia do autor, intitulado Flores do Ócio, e que será lançado em breve pela Giostri Editora. Mais informações: alexandre.eells@gmail.com
Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tempo


Na transparência da tarde neutra me contemplo...*Esta publicação foi removida devido ao texto estar sendo integrado ao livro de estreia do autor, intitulado Flores do Ócio, e que será lançado em breve pela Giostri Editora. Mais informações: alexandre.eells@gmail.com
Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro