Seja bem vindo!!!
-Entre,
-Tire os sapatos,
-Sente-se e fique à vontade.
-vou pôr uma música.
-Aceita um café?
- Gosta de livros?
- escolha um e vá folheando,
-volto já, com o café.
Alexandre Pedro
e-mail: alexandre.eells@gmail.com

Pesquisar no Cárcere do Ser

sábado, 29 de janeiro de 2011

Rosas


Rosas

Dispo a rosa ,
Pétala por Pétala.

Tiro-lhe o galho,
Tiro-lhe as folhas,
Rasgo-lhe do caule,
Sangramos.
Dedico-lhe à mulher,
Sagrada.

Campo minado.

A rosa úmida
em gotículas
Salivadas.
A rosa crua
em sua genitália.

Pousa quente em minhas mãos,
Trêmula.
Num cálido perfume,
Gêmula.

Rompo-lhe o hímen,
mexo, rasgo,
esfrego, vibra,
cheiro, amasso,
pego, grita,
dedos, línguas,
pulsa, expulsa,
pele, repele,
espirra, goza,
néctar em mel.

Estirados num canteiro,
molhados e com cheiros
das Rosas, finalmente nua.

Alexandre Pedro

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

4.5.7


São Paulo
...*Esta publicação foi removida devido ao texto estar sendo integrado ao livro de estreia do autor, intitulado Flores do Ócio, e que será lançado em breve pela Giostri Editora. Mais informações: alexandre.eells@gmail.com
Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro

Alexandre Pedro

*Fotografia de Rafael Matsunaga
Título: Fotografando São Paulo - 2007

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

sábado, 22 de janeiro de 2011

Esvair-se Transbordando


Das narinas nasceram ramagens que lhe percorriam o corpo frígido,
envolvendo-o completamente num casulo esverdeado e fétido.
Da boca vertiam vermes como se fossem alimentos, que dela se alimentavam.
Vermes talhavam seu belo rosto que beijado fora noutros dias tão brandos.
Nos olhos nenhuma vida,
Nenhuma luz.

Dos pulsos duas fendas verticais por onde expulsara-lhe a vida.
Nos ouvidos apenas o silêncio e o princípio de gemidos distantes a se aproximarem.
Em sua genitália nem mais a vivacidade da cordial jovialidade.
No peito um coração esvaído de toda vontade, angustiado e reduzido
entre o primeiro e o ultimo pulsar.
Na mão direita um bilhete interrompido por um adeus.
No chão um tapete de confetes colorindo e alegrando a cena.
Na esquerda, uma aliança pende da mão repousada nas paredes gélidas de uma banheira branca ensangüentada
e inundada de vida.

Alexandre Pedro

***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

domingo, 16 de janeiro de 2011

...no escuro.

...a noite não escurece.
...a noite não cai,
... e nem me cai,
...a noite não me desce.
...me derruba!
...a noite dói!
Alexandre Pedro

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"...eu e todos meus eus..."


Início de 2011.
Como prometido, venho partilhar meus textos com você, caro amigo leitor.
Muito lhe sou grato pela visita, mas te peço, encarecidamente, que deixe um comentário, positivo ou negativo, não importa...serão bem vindos.
Solte o verbo! E não se cale diante das minhas palavras pois, sem você, de nada valerão, não farão sentido algum.
Curso o 4º Semestre em Letras, e o ato de escrever me é novo. Sim, me considero um escritor, mas tenho apenas 5 meses.
Meu primeiro poema data se no mês de setembro de 2010, e em novembro participei de um Concurso de Produção de Textos na Universidade Paulista e fui premiado em três poemas.
Meus textos foram registrados na Biblioteca Nacional, e por isso demorei tanto pra divulgá-los, mas agora estou aqui, dividindo minhas palavras com você.
Obrigado pelo carinho,incentivo, e confiança!
Alexandre Pedro



O Poeta e o Poema

Quem expressa?
O poeta ou o poema?
O poeta expressa a palavra,
ou a palavra expressa o poeta?
O poeta sem palavras não se expressa.
A poesia tem pressa,
O tempo passa depressa,
As palavras o desprezam.

Rima, Ritmo e Métrica.

Qual sua melodia?
Qual sua dança?
Quais suas medidas?
Onde se escondem?
Voltem depressa e façam do poeta um personagem
que o engane e o manipule,
e o faça menino, um mamute.
Transborde-o.
Que só assim, um adulto sob pressão,
pode escrever algo que preste.

Alexandre Pedro


***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842

domingo, 2 de janeiro de 2011

Através dos bosques (curta- metragem) - Júlio Cortázar - Otávio Mendes

Curtametragem inspirado no conto "La continuidad de los parques" de Julio Cortazar.

Trabalho universitário de conclusão do 2º semestre de 2010 do curso de produção audiovisual.

Direção: Matheus Mardegan e Otávio Mendes


Continuidade dos Parques


Havia começado a ler o romance uns dias antes. Abandonou-o por negócios urgentes, voltou a abri-lo quando regressava de trem à chácara; deixava interessar-se lentamente pela trama, pelo desenho dos personagens. Essa tarde, depois de escrever uma carta ao caseiro e discutir com o mordomo uma questão de uns arrendamentos, voltou ao livro com a tranqüilidade do gabinete que dava para o parque dos carvalhos. Esticado na poltrona favorita, de costas para a porta que o teria incomodado com uma irritante possibilidade de intrusões, deixou que sua mão esquerda acariciasse uma e outra vez o veludo verde, e começou a ler os últimos capítulos. Sua memória retinha sem esforço os nomes e as imagens dos protagonistas; a ilusão romanesca ganhou-o quase imediatamente. Gozava do prazer quase perverso de ir descolando-se linha a linha daquilo que o rodeava, e de sentir ao mesmo tempo que sua cabeça descansava comodamente no veludo do alto encosto, que os cigarros continuavam ao alcance da mão, que mais além das janelas dançava o ar do entardecer sob os carvalhos. Palavra a palavra, absorvido pela sórdida disjuntiva dos heróis, deixando-se ir até as imagens que se combinavam e adquiriam cor e movimento, foi testemunha do último encontro na cabana da colina.

Antes entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, com a cara machucada pela chicotada de um galho. Admiravelmente ela fazia estalar o sangue com seus beijos, mas ele recusava as carícias, não tinha vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal se amornava contra seu peito e por baixo gritava a liberdade refugiada. Um diálogo desejante corria pelas páginas como riacho de serpentes e sentia-se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que enredavam o corpo do amante como que querendo retê-lo e dissuadi-lo desenhavam abominavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: álibis, acasos, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O duplo repasse, sem dó nem piedade, interrompia-se apenas para que uma mão acariciasse uma bochecha. Começava a anoitecer.

Já sem se olharem, atados rigidamente à tarefa que os esperava, separaram-se na porta da cabana. Ela devia continuar pelo caminho que ia ao norte. Do caminho oposto, ele virou um instante para vê-la correr com o cabelo solto. Correu, por sua vez, apoiando-se nas árvores e nas cercas, até distinguir na bruma do crepúsculo a alameda que levava à casa. Os cachorros não deviam latir e não latiram. O mordomo não estaria a essa hora, e não estava. Subiu os três degraus da varanda e entrou. Do sangue galopando nos seus ouvidos chegavam-lhe as palavras da mulher: primeiro uma sala azul, depois um longo corredor, uma escada acarpetada. No alto, duas portas. Ninguém no primeiro quarto, ninguém no segundo. A porta do salão, e depois o punhal na mão, a luz das janelas, o alto encosto de uma poltrona de veludo verde, a cabeça do homem na poltrona lendo um romance.
Júlio Cortázar ( 1914 - 1984 ).
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Neste conto Júlio começa narrando a perspectiva de um personagem (O Leitor) que narra a história de um romance infiel, em que o casal traça um plano para assassinar o marido, e eis que o personagem "amante", percorre o caminho descrito pela mulher "amante/esposa", e se depara com a cena inicial, onde o personagem que lê e narra a história ao leitor, é o próprio marido. E que está sentado na poltrona verde aveludada, lendo o romance à nós-leitores. Ou seja, o personagem se torna real; sai de dentro do livro para assasinar o Leitor-marido.
Por Alexandre Pedro.